segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Urubuservando e urubucomentando...


Então, estava aqui pensando...Olha que interessante...Quando morei na Holanda (e visitei alguns países da Europa), sempre que eu entrava em algum transporte coletivo (SEMPRE mesmo, não é força de expressão!), 99% das pessoas estavam caladas, concentradas em algum tipo de leitura (livros, jornais, revistas, quadrinhos, bulas de remédio, seja lá o que fosse), o que era uma bênção divina, porque não existe nada mais enervante e incômodo do que entrar num lugar pequeno e fechado, em que as pessoas estejam falando pelos cotovelos e absurdamente alto, com aquele tom de voz esganiçado, típico do metrô da linha 2 do Rio (sei que estou sendo absurdamente politicamente incorreta neste momento, mas é a pura verdade! E não só na linha 2. Na linha 1, da Carioca pra frente, em direção a Saens Peña, também.)

Pois bem...aqui em Québec, invariavelmente, você entra nos ônibus, e 10% das pessoas estão batendo papo (meu francês não é suficiente ainda pra acompanhar todas as conversas, uma pena! Senão, já teria vários babados pra contar pra vocês), 89% das pessoas ouvem música no celular e 1% das pessoas fica calada, eu, no caso (e que ninguém me venha com esse papo de que eu não represento 1% da população do ônibus, que a conta está errada, etc etc, porque eu não fiz matemática. Vamos ser felizes, ok? Isso é só uma exemplificação, KCT!).

Aí, claro, entra o poder de análise sociológica e antropológica da pessoa...a diferença cultural clara entre Europa e Estados Unidos (e, consequentemente, Canadá, que é do lado). A Europa foi o palco principal da História da humanidade (Grécia e Itália, se lembram, né?), tudo aconteceu lá! As pessoas são ávidas por cultura, leem tudo, sabem de tudo, um encanto!

Os Estados Unidos acham que não precisam saber nada além do fato de serem (ainda, talvez para eles) a maior potência mundial. Quem é falante nativo de inglês “não precisa” saber outra língua (isso ficou muito claro nos primeiros dias de aula do meu curso de francês. Todos os imigrantes da província de Ontário, anglófona, só falavam inglês. Todos os outros alunos (lusófonos, francófonos, sinófonos etc sabiam falar, pelo menos, o inglês como segunda língua). Haja bitolação!

Vejo, nitidamente, no dia a dia, que a influência geográfica (o fato de estar ao lado dos Estados Unidos) é muito mais forte que a influência cultural e colonizadora da Inglaterra, o que é lamentável!* Esses jovens dos ônibus de hoje, que ficam ouvindo música nos Iphones, serão os adultos de amanhã, que não farão um curso superior nem se especializarão em nada, por pura falta de interesse, e tome contratar mão de obra especializada estrangeira para dar conta do recado.

Nada contra ouvir música, muito pelo contrário, é uma das minhas paixões na vida, sem a qual não poderia sobreviver. Mas acho muito sintomática essa constatação: os canadenses não leem! (Bem, pelo menos os quebecóis - ok, não posso generalizar e falar do país inteiro porque ainda não conheço.  Ou, se leem, não o fazem publicamente. De repente, sei lá, vai que eles consideram grosseria abrir um livro na cara de alguém dentro do ônibus, em vez de puxar um papinho...)

* É a minha opinião, ok? Ninguém tem de concordar comigo, claro, nem quero levantar polêmicas. Essa não é a intenção do post. Obrigada!





Um comentário:

  1. "Urubuservando e urubucomentando..." Po li o post crente que vc ia falar alguma coisa do Flamengo por ae.... hehehehe

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