segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Diva dos palavrões



Nos poucos intervalos que tenho entre um livro e outro e as incessantes horas de estudos de francês, dou uma escapadinha pra ler as fofocas na globo.com, que ninguém é de ferro, né?

Pois bem. Quando a gente mora longe, a gente cria, necessariamente, até por conta da distância geográfica mesmo, um olhar com mais distanciamento das coisas. Quando eu morava aí no Brasil, não me atinha ao fato de todo mundo ser chamado de “rei” não sei do quê, “rainha” do cacete, “diva” não sei das quantas etc. Ou percebia, mas não dava a mínima. “Rei” Pelé e “rei” Roberto Carlos, eu até aceito. Os caras, cada um na sua área, fizeram história. Mas quando passaram a chamar a Xuxa de rainha dos baixinhos, já começou a me dar ranço...

Voltando...tava aqui pensando...coisa mais estranha...Dia desses, assistindo ao programa da Fátima Bernardes na Globo Internacional – quando é possível entender o tema do debate, porque essa merda trava o tempo todo (a Rede Globo definitivamente se esqueceu de aplicar o padrão Globo de qualidade na Globo Internacional, juro por Deus!) -, um molequinho de uns 14 anos, lá de “Deus me livre do Perpétuo Socorro”, recém-descoberto cantor-revelação de música sertaneja, dava uma entrevista. O moleque até que era talentoso, apesar de eu detestar música sertaneja com toda a plenitude da minha alma! Aí, a Fátima Bernardes pergunta pro moleque: “E então, fulano? (não lembro o nome dele) Quais são seus planos para o futuro?” Ao que o moleque responde, com uma expressão de puro êxtase: “Ah, meu sonho é me tornar um Luan Santana da vida...” Os olhinhos do garoto piscavam de emoção.

Véi, na boa, Luan Santana virou referência musical? Peraí que eu vou ali cortar os pulsos e já volto!

Outro dia, li uma manchete na globo.com: “Diva Paula Fernandes...”. Parei de ler no “Fernandes”. Como assim, diva? Essa moça sequer saiu das fraldas! Fiquei meio deprimida, meio chocada. Na minha época, as referências musicais eram Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil e essa nata da MPB. Diva? Elis Regina e olhe lá!

Acho que posso me autoeleger "Diva dos Palavrões"! O que vocês acham?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Sonho bizarro #2


Rapaz...mais um sonho do balacobaco.

Chego atrasada, mas achando que estava no horário, para a aula de francês, trauma do ônibus 7. (O ônibus 7 não e um ser confiável. Em um mês, me deixou na mão 3 vezes.) Dois alunos, que eu não me lembro quais, entraram logo depois de mim. (O sonho já começou, vocês entenderam, né? Ótimo!)

Sento, abro o caderno, livro de conjugação verbal etc. Quando percebo, a professora não é a xará, mas duas mulheres esquisitíssimas, que eu “sibulutamente” não conheço, e nada simpáticas. Eu, rebelde como sempre, já organizando um minimotim para demonstrar toda minha indignação pelo curso sequer nos ter avisado da troca. O problema era que a organização do motim era em inglês, claro (num lugar em que se fala árabe, russo, japonês, português, ucraniano...só inglês salva), e as mulheres entendiam tudo. Detalhe: uma delas era a CARA da Leona Cavalli em Gabriela!

Corta.

Cena 2 (não, não é um roteiro. Estou contando meu sonho, lembram, né?): estava eu numa casa de show, cassino, cabaré moderno ou qualquer outro lugar que possa reunir gente pra cacete, com música rolando e cujo objetivo das pessoas presentes era diversão.

Eis que uma figura que combinava traços da minha professora de verdade e traços da impostora com cara de Leona Cavalli em Gabriela começa a cantar “Bewitched”, música que adoro e cuja letra sei de cor, graças ao show Movie Melodies, da minha tia Jane, ao qual assisti 53 vezes. Sim, 53 merrrrrmo. Pô, minha tia, canta pra caralho, o show era lindo, 0800 e eu tinha 17 anos. Deu pra entender?

A mulher, meia xará/meia Leona Cavalli, ia cantando a música e me olhando para ver se eu estava cantando a letra certa. Não sei exatamente por quê, mas era uma espécie de “teste”.

O sonho foi absolutamente incompreensível pra mim (quem quiser analisar, por favor, não se acanhe), mas teve um saldo muito positivo: acordei cantando!

Beijos melódicos!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Da série "vale a pena ler de novo"


Esse post é antigo, de quando eu morava na Holanda (vocês vão perceber pela menção ao Orkut). Mas vale a pena repetir porque as pérolas estão cada vez mais frequentes, e a preguiça de pensar, cada vez mais constante.

Aí vai o post na íntegra.

Beijos!

************************************

Tá, tudo bem, ninguém é obrigado a saber o significado de qualquer palavra (mesmo quando se trata de palavras absolutamente comuns como as que formam a expressão "cidade natal"), mas, se não sabe o que significa, vá procurar no dicionário, oras!

Nas minhas andanças pelo Orkut, tenho visto cada coisa de cair o queixo. Por exemplo, no campo no perfil onde se lê “cidade natal”, obviamente pra pessoa escrever o lugar em que nasceu e, pelo que me consta, as pessoas só nascem uma única vez em um único lugar (para os que acreditam em reencarnação, vamos deixar as questões espirituais de lado, ok? Isso aí, simplificar a vida). Enfim, já li os seguintes absurdos:


Cidade natal: Atualmente Brasília.

Comentário: Como assim, “atualmente Brasília”? Quantas cidades natais essa menina tem? Aliás, quantas vezes ela nasceu???

  
Cidade natal: Ceará
  
Comentário: Ceará? Cidade? Esqueceram de me avisar!

  
Cidade natal: New York e Rio de Janeiro
  
Comentário: Oooooooooh, goodness! A pessoa não só nasceu duas vezes como em dois lugares diferentes. Espantoso!


Cidade natal: Pbi
  
Comentário: Desculpem a minha inguinorança, mas que diabos é "Pbi"?


As pessoas até podem morar em duas cidades simultaneamente (Rio e São Paulo) e até em dois países simultaneamente (minha tia Leonor, podre de chique, já morou em três: Holanda, Alemanha e França), mas cidade natal, pelamordedeus, é uma só, minha gente! Sabem o que é isso? Preguiça de pensar.

Arre!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A xará me detesta


Vocês lembram meu primeiro dia no curso de francês, que descrevi alguns posts atrás, certo? Muito bem. Como disse, tinha considerado o fato de a professora ser minha xará um sinal muito positivo do Cosmos.

Sempre (colégio, faculdade, pós-graduação e todos os demais cursos que fiz na vida) fui aquela aluna proativa, que gosta de participar das aulas e responder às perguntas dos professores, porque é uma forma de a gente verificar se, de fato, entendemos a matéria e estamos progredindo. (Ok, mais conhecida como “a pentelha”, se preferirem, ligo não!)

Só tem um detalhezinho que emerdalha (do verbo emerdalhar) tudo: a porra da minha língua não cabe dentro da boca! Juro por todos os phrasal verbs que sei de cor (e que não são poucos, graças às aulas sensacionais do Britannia) que não faço por mal. Quando vi, já foi; a piada saiu, mas, porra, a professora deixa a bola quicando na minha frente...como desperdiçar?

Exemplos:

1)     Professora ensinando a diferença entre “emprestar”, “passar” e “dar”: “Pode me passar o sal?”, “Pode me emprestar sua caneta?”, “Pode me dar uma folha de papel?”

Pois bem, muito didaticamente, ela levou para a sala uma sacola cheia de objetos que poderiam ser “emprestados”, “passados” ou “dados”. Na minha vez, óbvio, ela tirou uma nota de 20 dólares da carteira e me perguntou qual era a pergunta mais apropriada. Porra, sob meu ponto de vista e devido às atuais circunstâncias, não havia dúvida! Mandei, no maior amor, toda delicada, com aquele jeitinho meigo que Deus moderadamente me deu: “Ah, donner, hã, professeur? La situación est noir.” (A situação está preta!). Desconfio de que ela não achou graça...(Sem humor, tãnãnã...)

2)   Outro dia, ela ficou espantada quando se deu conta de que já estávamos entrando em novembro e veio com a história de que novembro é um mês triste porque Québec entra no horário de inverno, escurece cedo etc. Eu, muito indignada, respondi: “Mais porquoi c’est un moin trist? C’est ma fête!” (Como assim um mês triste? É meu aniversário!”). Ok, concordo que poderia ter ficado quieta, mas eu AMO o mês do meu aniversário. Foi uma questão de divergência de opinião...
3)   Ela estava praticando a fonética do francês com a gente, um tanto difícil por conta do tal do “u” com biquinho, bem diferente do [u] e do [i]. Fez um ditado, e a gente tinha de ticar a coluna certa, correspondente a cada fonema. Como, sem qualquer falsa modéstia, fui abençoada por Deus com um ouvido filho da puta de bom, audição aguçadíssima por conta da genética (família de músicos e cantores) e pelos 500 anos de estudo de música, acertei todos os exemplos. Na hora da correção, só eu respondia. Até que ela perguntou: “Só temos uma aluna na sala?” Mas, porra, eu tenho culpa de nego ser surdo?
4)   No início das aulas, ela nos havia mandando comprar um espelhinho para olharmos nossa boca articulando na hora de produzir os sons. Todo mundo achou meio cricrizice demais da parte dela, e ninguém comprou. Ela vinha insistindo e, na aula passada, ameaçou merrrmo: “Quem não trouxer o espelho na aula que vem – hoje – não entra."  Quando ela pediu para que pegássemos o nosso e foi o procurar o dela, não achou. Porra, eu podia perder essa bola? Mandei um “Tsc, tsc, tsc, professeur. Pas du mirroir? Tu ne vas pas pouvoir entrer dans la classe, Fofa!” (“Ai, ai, ai, professora, não trouxe o espelhinho? Vai poder entrar na sala, não, fofa!”) Exagerei, né, reconheço, mas, quando vi, já tinha saído.
5)   Hoje, foi foda. Ela mandou umas folhinhas de dever de casa. A cópia indecentemente ruim, toda escura. Devolvi o exercício em branco, com um bilhetinho explicativo, em francês mesmo, na disciplina: “Aí, professora, deu pra ler, não. A cópia está muito escura.” Vejam se não tenho razão: nem com visão de raio x!






Fora os meus ataques de riso. São tantos, que ela ensinou como se fala em francês: “Fous rires”. Porra, ela precisa entender que não tenho qualquer controle sobre meus “fous rires”. Já imaginou se eu tivesse “Fous choros”? Bem pior!

Tudo ia muito mal, até que (1) ela sacou que eu aprendia as paradas rápido porque fiz Letras, portanto sei o que significa artigos definidos, indefinidos, alfabeto fonético internacional, o que (2) facilita horrores a vida dela porque, quando ela precisa dar algum exemplo geral e escolhe alguém pra responder à pergunta que serve de exemplo, quem ela escolhe? Pois é. Grandes possibilidades de, até o fim do curso, a gente se amar, sem a necessidade de DR.

Bisous et bon soir à vous!

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"Interessâncias" da língua francesa...


Como conhecimento e água-benta não fazem mal a ninguém, e como eu simplesmente ADORO curiosidades linguísticas, vou dividir com vocês uma parada muito interessante que aprendi sobre a língua francesa.

Dois aspectos que me encantam no inglês são a praticidade e a flexibilidade da língua. Muito frequentemente, criam-se verbos como forma de agilizar a comunicação. Exemplo: aquela criança chata, pentelha, que fica o tempo todo chamando: “mom”, “mom”, “mom”...A mãe vira pra pentelha e ameaça: “If you ‘mom’ me again...tá fodida!” Fantástico!!!

Hoje descobri algo parecido no francês que ADOREI. Em francês, as pessoas se chamam por “tu”, em situações informais, e “vous”, nas formais. Faz toda a diferença, porque a conjugação verbal tem de acompanhar o pronome, óbvio, e cada pessoa pronominal tem sua própria desinência número-pessoal, como em português. (Inglês é muito mais fácil: à exceção da 3a pessoa do singular, geral tem a mesma terminação, ou seja, nenhuma, apenas o radical do verbo. Estou falando do presente do indicativo, claro.)

Então...aprendi o verbo “tutoyer”, que significa “chamar por ‘tu’”, e o “vousvoyer”, que significa, claro, “chamar por ‘vous’”. Portanto, se você chega pra alguém que não conhece e usa o “vous”, a pessoa pode, se preferir a informalidade, dizer: “On peut se tutoyer” (“A gente pode se chamar por ‘tu’”). Olha que simples!

Gostaram? Eu adorei!

terça-feira, 16 de outubro de 2012

"Primeiro inverno de vocês em Québec? Ihhhhh...."


O pânico se estabeleceu! Todos, “sibulutamente” todos, inclusive a que vos escreve, em pânico à espera do inverno!

A “Nata do Québec” é composta por sete casais de brasileiros e seus respectivos filhos. Sempre que alguém da Nata fica sabendo de uma megapromoção ou descobre alguma loja que venda roupas de inverno a preços acessíveis, a notícia se torna viral e, em questões de segundos, inicia-se uma troca incessante de mensagens do tipo “Venham correndo pra cá agora porque a loja está lotada! Vai acabar tudo!” Aí, é aquela velha história que vocês já conhecem...cotovelada na costela do inimigo pra conseguir ganhar a concorrência e comprar alguma porra que esquente (concorrência meio desleal essa questão da cotovelada na costela, confesso, mas o instinto de sobrevivência do ser humano é capaz de coisas inimagináveis!)

Ricardo, Camila e Catarina fizeram a supergentileza de levar o Lu pra treinar para a prova da carteira de habilitação. Eu, em casa trabalhando. Daqui a pouco liga o Lu, arfante, desesperado: “Amor, se arruma, a gente vai passar aí em 10 minutos pra comprar nossa roupa de inverno porque o Ricardo conseguiu comprar o casaco dele por CDN80,00!!!” (Os casacos bons de inverno custam normalmente, em média, uns CDN300,00!)

Lá fomos nós, com nossos superparceiros de compras (Camila, Ricardo e Catarina). Chegamos na loja, paraíso na Terra! Enoooorme, muitas opções! Meus olhinhos brilhando de emoção! Foi um tal de experimenta daqui e dali, até que a atendente veio em nosso socorro. Tudo ia muito bem até que ela perguntou de onde éramos. Dissemos que éramos brasileiros. Ela: “É o primeiro inverno de vocês aqui? Ihhhh...”, com uma cara de compaixão extrema! Não sei por quê, mas me deu um certo frio na espinha...

Pessoa otimista que sou, tendo sempre a pensar: “Ah, gente, para! Não deve ser nada do outro mundo!” Até que você vai andando pela loja e começa a olhar o naipe dos casacos (verdadeiras armaduras bélicas), gorros, cachecóis, “esquentador” de pescoço, de orelha, de nariz...vai dando um pânico, um desespero louco!

Aí, vêm as histórias lendárias:

Pessoa maléfica: “Porque, no inverno, a calça jeans quebra!”

Eu, desesperada: “Oi??? Como assim, quebra?”

Pessoa maléfica: “É sério, ela congela e quebra!”

Eu, em pânico: “Ah, tá.”

Pessoa maléfica II: “Aliás, o cabelo também quebra!”

Eu, sentindo as pernas fracas e o estômago embrulhado: “Oooooiiiii????? Como? Assim? O? Cabelo? Quebraaaa?????”

Pessoa maléfica II: “Se você sair com o cabelo molhado no inverno, ele congela e quebra!”

Alguém pode ligar pro 911 pra vir me resgatar? Tô bem, não...



domingo, 14 de outubro de 2012

Festa dos gatões


Ontem fomos à festa de aniversário do Thiago, marido da Ana (Gatão e Gatona para a Nata do Québec, respectivamente).

A Ana é a pessoa mais prendada que já vi: faz um requeijão de fazer fila na porta da casa dela pra ganhar um potinho (como vocês podem imaginar, não existe requeijão em Québec! E pensar que eu ficava indignada de pagar quase R$5,00 num copo de requeijão light no Brasil. Ignorância!!!)

O cardápio estava bem variado e repleto de comidinhas light, como o patê de espinafre com torradinhas (diliça!), pães recheados maravilhosos e, claro, o imbatível requeijão.

Conversamos e rimos litros, como sempre e, de lambuja, “ganhei” esta preciosidade da Catarina para postar aqui pra vocês!

Deliciem-se!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ataque de riso fenomenal!




Como vocês bem sabem, sou dada a ataques de riso intermináveis e involuntários. Simplesmente, não tenho qualquer controle sobre eles. Quando um chega, às vezes leva hooooras pra ir embora. E eles chegam sem aviso prévio (o povo da Campus bem sabe disso. Todo mundo trabalhando na maior concentração, silêncio profundo. Era eu me lembrar de alguma coisa engraçada e começar a rir, de ficar roxa, sem fôlego, e quanto mais as pessoas me olhavam, mais eu ria. Tipo ciclo vicioso do mal merrrrmo!).

Bem, até então, eu vinha me comportando muito bem nas aulas de francês. Claro que é normal as pessoas errarem (eu também, claro), porque, afinal, estamos no curso básico, ninguém sabe a língua. Mas, cá entre nós, que Deus me perdoe, mas tem gente muito burra neste mundo!!! Misericórdia!

O tal do japonês está até hoje tentando responder à primeira pergunta que a professora fez no primeiro dia de aula (há um mês): “Comment tu t’appeles?”, coitado. O cabra só fala japonês, portanto, não adianta a professora tentar ajudar com inglês, espanhol, aramaico, russo, língua nenhuma!

Hoje, tive um ataque de riso fenomenal, daqueles que, por mais que pense na coisa mais triste do mundo (o fato de estar dura que nem um coco, o fato estar passando um frio fodido, o fato de estar há 3 meses sem comer comida japonesa de boa qualidade, estar desempregada, não ver a Coisa há 3 meses e todas as demais desgraças do universo), não consigo parar!

Tem um canadense na turma que morou a vida toda no Peru, portanto, não fala francês. Mas o cabra é burro feito uma porta! Daquelas pessoas que nem se esforçam pra tentar entender, sabe como? Tenho paciência, não. Se, pelo menos ele fosse esforçado, eu daria um desconto.

Pois bem, hoje aprendemos uma pergunta nova: “Ça fait combien du temps que tu es arrivé au Québec?" (Há quanto tempo você chegou em Quebec?). Nada tão absurdo, convenhamos. Todo mundo praticou a pergunta e resposta em duplas, trios etc., sem maiores problemas, por uns 40 minutos, dando várias respostas diferentes para usar as diversas possibilidades. No fim do exercício, hooooras depois, a professora faz a pergunta para o fulano:


Professora: "Fulano, ça fait combien du temps que tu es arrivé au Québec?"

Resposta: "Oui!"


Oi??? Como assim, “oui”? O cara passou os últimos 40 minutos de aula onde, meu Deus?

Rapaz, pra quê? Ri duas horas!!! Todo mundo riu, porque foi engraçado pra cacete! Mas as pessoas normais riram por uns 10 segundos e pronto. O único problema é que eu não consegui parar de rir. Às vezes dava uns mini-intervalos de uns 30 segundos, e lá vinha a gargalhada de novo. A professora já estava em outro assunto e me olhava com cara feira cada vez que eu explodia na gargalhada, o que só piorava a situação.

Ainda bem que não tem prova de fim de curso. Certamente, seria reprovada por mau comportamento!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Foi você, né, desgraçado???


Rapaz, descobri, finalmente, quem foi o corno safado que inventou os logaritmos!!! Vocês vão ligar logo o nome à pessoa, ó: Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, matemático de Bagdá, safado, que inventou a álgebra. Sacaram o nome dele, né? Al-Khwarizmi que, depois de uma porrada de processos fonológicos, chegou a algoritmo em português.

Tenho o maior respeito por Newton, Einstein, Arquimedes e toda essa galera cabeçuda que possibilitou a evolução do mundo. Sério merrrrrmo, tenho uma admiração fodida por eles todos. Agora, esse cabra foi o responsável por uma das maiores frustrações da minha vida! NUNCA consegui aprender logaritmo em toda a minha vida escolar! E olha que foram váááárias tentativas: da oitava série do ginásio ao terceiro ano do segundo grau (sim, na minha época era assim que se chamava).

Sou tinhosa pra caralho! Quando decido que vou aprender alguma coisa, não sossego até a parada fazer sentido pra mim (porque, na base da decoreba, não vale. Sou adepta do pensamento de que a gente só aprende, de fato, algo, quando faz sentido pra gente). Acho que foi no segundo ano do segundo grau que decidi que aprenderia essa porra a qualquer custo. Pois bem, me lembro como se fosse hoje. Sentei a bunda na cadeira, assim que cheguei do colégio, e passei o dia INTEIRO lendo uma porrada de livros de matemática pra tentar criar alguma porra de sentido na minha cabeça que me fizesse entender aquilo (com outras abordagens, quem sabe?). Nada! Não rolou. Foi a primeira vez que me vi completamente incapaz de aprender alguma coisa. Porra, até hoje carrego este trauma.

Muito resignadamente, cheguei para o Fred, o professor de matemática, e falei: “Professor, véi, na boa, não vai rolar, não. Vamos combinar uma coisa? Você evita colocar muitas questões sobre logaritmos na prova para que eu não seja reprovada, porque, inevitavelmente, vou deixar todas em branco. Combinado?” Acho que minha expressão de completa sinceridade, que vinha do âmago da minha alma, gerou certa compaixão nele. Resultado: me formei no segundo grau sem nunca ter aprendido logaritmo e, graças a Deus, nunca mais precisei me deparar com eles até hoje.

Mas, na minha cabeça, sempre permaneceu a curiosidade: “Quem foi o cabra maldito que inventou essa porra???” Agora, fazendo um trabalho, descobri o desgraçado! Com 20 anos de atraso, posso mandar, do alto de todo o trauma enrustido na minha alma: “Vá pra puta que te pariu, Al-Khwarizmi!!!

Pronto, falei, tô beeeeeem mais leve!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Urubuservando e urubucomentando...


Então, estava aqui pensando...Olha que interessante...Quando morei na Holanda (e visitei alguns países da Europa), sempre que eu entrava em algum transporte coletivo (SEMPRE mesmo, não é força de expressão!), 99% das pessoas estavam caladas, concentradas em algum tipo de leitura (livros, jornais, revistas, quadrinhos, bulas de remédio, seja lá o que fosse), o que era uma bênção divina, porque não existe nada mais enervante e incômodo do que entrar num lugar pequeno e fechado, em que as pessoas estejam falando pelos cotovelos e absurdamente alto, com aquele tom de voz esganiçado, típico do metrô da linha 2 do Rio (sei que estou sendo absurdamente politicamente incorreta neste momento, mas é a pura verdade! E não só na linha 2. Na linha 1, da Carioca pra frente, em direção a Saens Peña, também.)

Pois bem...aqui em Québec, invariavelmente, você entra nos ônibus, e 10% das pessoas estão batendo papo (meu francês não é suficiente ainda pra acompanhar todas as conversas, uma pena! Senão, já teria vários babados pra contar pra vocês), 89% das pessoas ouvem música no celular e 1% das pessoas fica calada, eu, no caso (e que ninguém me venha com esse papo de que eu não represento 1% da população do ônibus, que a conta está errada, etc etc, porque eu não fiz matemática. Vamos ser felizes, ok? Isso é só uma exemplificação, KCT!).

Aí, claro, entra o poder de análise sociológica e antropológica da pessoa...a diferença cultural clara entre Europa e Estados Unidos (e, consequentemente, Canadá, que é do lado). A Europa foi o palco principal da História da humanidade (Grécia e Itália, se lembram, né?), tudo aconteceu lá! As pessoas são ávidas por cultura, leem tudo, sabem de tudo, um encanto!

Os Estados Unidos acham que não precisam saber nada além do fato de serem (ainda, talvez para eles) a maior potência mundial. Quem é falante nativo de inglês “não precisa” saber outra língua (isso ficou muito claro nos primeiros dias de aula do meu curso de francês. Todos os imigrantes da província de Ontário, anglófona, só falavam inglês. Todos os outros alunos (lusófonos, francófonos, sinófonos etc sabiam falar, pelo menos, o inglês como segunda língua). Haja bitolação!

Vejo, nitidamente, no dia a dia, que a influência geográfica (o fato de estar ao lado dos Estados Unidos) é muito mais forte que a influência cultural e colonizadora da Inglaterra, o que é lamentável!* Esses jovens dos ônibus de hoje, que ficam ouvindo música nos Iphones, serão os adultos de amanhã, que não farão um curso superior nem se especializarão em nada, por pura falta de interesse, e tome contratar mão de obra especializada estrangeira para dar conta do recado.

Nada contra ouvir música, muito pelo contrário, é uma das minhas paixões na vida, sem a qual não poderia sobreviver. Mas acho muito sintomática essa constatação: os canadenses não leem! (Bem, pelo menos os quebecóis - ok, não posso generalizar e falar do país inteiro porque ainda não conheço.  Ou, se leem, não o fazem publicamente. De repente, sei lá, vai que eles consideram grosseria abrir um livro na cara de alguém dentro do ônibus, em vez de puxar um papinho...)

* É a minha opinião, ok? Ninguém tem de concordar comigo, claro, nem quero levantar polêmicas. Essa não é a intenção do post. Obrigada!





domingo, 7 de outubro de 2012

O desagradável odor do outono


Bem, chegamos então àquela época do ano medonha, em que o frio começa a dar as caras, e as pessoas param de tomar banho! Sim, é isso merrrrmo, bem objetivamente falando!

A temperatura vem oscilando em torno dos 10 graus. Sinceramente, nada demais! Mas a gente já entra no ônibus e tem de alternar entre a respiração oral e nasal pra não morrer sufocado com o cheiro da inhaca! Um inferno isso!

Acompanha meu raciocínio: se em todas as casas têm calefação, inclusive no banheiro, e se todos os chuveiros têm água quente, por que as pessoas acham normal passar dias sem tomar banho? Esse povo do Hemisfério Norte não vê as coisas com razoabilidade, como diria a Fofs.

Sinto uma espécie de vergonha alheia quando passo por alguém na rua ou fico próxima de alguém no ônibus que cheira mal pra KCT. Muito constrangedor. E fico me perguntando: “Como essa pessoa aguenta ficar perto dela mesma?”

Já imaginaram como será no inverno, com a temperatura agradável de 40 graus negativos? Meu psicológico fica abalado só de pensar! Pelo que tenho visto nas lojas (protetores de orelha, pescoço, nariz, milhões de luvas, cachecóis e gorros, botas que mais parecem armas, de tão pesadas, forradas com todo tipo de pele, pelo e qualquer porra que esquente), o inverno é do balacobaco merrrrmo. Daqui a pouco devem começar a vender as máscaras para podermos respirar em locais fechados e não morrermos asfixiados pela fedentina (quiçá – gostaram? – até tubos de oxigênio)!

Pelo menos, a paisagem das janelas dos ônibus é encantadora. Fotinhas do outono quebequense pra vocês!











sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O gerente ficou louco!


Imaginem o cenário: Lojas Americanas da Gonçalves Dias, no Centro do Rio, dois dias antes da Páscoa. Imaginaram? Inferno de Dante, certo? Pois é! Era a situação da Zellers hoje, uma das maiores lojas de departamento daqui de Quebec. Roupas e botas de inverno com 70% de desconto sobre a etiqueta amarela, tipo aqueles comerciais das Casas Bahia e da Ricardo Eletro, “o gerente ficou louco e baixou o preço de todo o estoque”? Pois é! Um suéter pelo qual paguei 20 CDN para dar de presente ao Luciano, por exemplo, estava anunciado hoje por 6 CDN, para a miiiiiinhalegriaaaaa!

Nessas situações, a gente esquece toda a educação e elegância. É cotovelada na costela do inimigo pra conseguir comprar roupas e botas num preço acessível e não morrer congelado no inverno. Estilo Homem das Cavernas merrrrrmo.

Blusas quentinhas a 3 CDN, botas que “toleram” até 40 graus negativos por 45 CDN, pijamas de flanela por 4,5 CDN, um sonho dourado! Fui colocando tudo no carrinho e, à medida que a pilha de roupa ia subindo, as pessoas começavam a me olhar de um jeito estranho (o povo aqui é muito comedido. Pra vocês terem uma ideia, a Bruxa Maldita um dia convidou um amigo pra jantar na casa dela com a seguinte frase: “Fica pra jantar comigo, tenho dois bifes!” Olha que fartura!).

No fim, quando passei no caixa e peguei as sacolas, tive de ligar para o Luciano ir me encontrar na Galerie de la capitale, porque não aguentava carregar as sacolas sozinha (pra vocês terem uma noção do estrago. Pior: no cartão de crédito dele).

Já estava tentando pensar numa justificativa decente pra que ele se convencesse de que não tinha sido um arroubo compulsivo da minha parte, quando, por misericórdia divina, encontrei o Ricardo, a Camila e a Catarina, que estavam com o mesmo número de sacolas que eu (o fato de eles terem comprado para três pessoas o mesmo volume que comprei só pra uma, eu mesma, no caso, é um mero detalhe). Só me restou dizer: “Tá vendo, amor, eles compraram tanto quanto eu”, porque na hora do desespero de tentar se justificar, a gente perde a classe e apela merrrrrmo.

Vejam o lado bom da história: já estou devidamente munida para o inverno e não precisarei comprar roupas para o verão, porque trouxe duas malas cheias do Brasil. Saldo muito positivo!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Inferno astral antecipado


Como alguns de vocês sabem, sou uma pessoa bastante responsável com meus compromissos, a despeito da opinião da minha amiga Claudinha, que postou um comentário maléfico no Facebook, “só” porque dei um bolo nela um dia antes de vir pra cá e “faltei” ao encontro que tínhamos combinado na Cobal do Humaitá.

Então, quando nos mudamos pra este apartamento novo, em Limoilu, num domingo, fui checar com antecedência os horários dos dois ônibus que tenho de pegar pra chegar ao curso de francês, calculei o tempo que levaria pra me arrumar e tal. Muito responsável eu, viu, Claudinha?

Ontem, dia da aula, peguei o ônibus 3 aqui em frente de casa, saltei no ponto do ônibus 7, que deveria passar em 4 minutos. Pelos meus cálculos, chegaria tranquilamente em Sainte-Foy com meia hora de folga, pra tomar um café e chegar ao Mieux-Être (minha escola – “escola”, olha que fofs!) com calma, tudo na disciplina!

O ônibus 7 das 12:26 não passa; o das 12:39 também não. Eu já achando tudo muito esculhambado pro meu gosto! O ponto começa a lotar (8 pessoas, uma multidão para os padrões quebequenses), começa aquela chuvinha fina, chata pra KCT, um frio da porra, daqueles que sai fumacinha da boca quando a gente fala (muito comédia romântica de Hollywood, né?), e nada do ônibus. Até que, movida por minha impaciência crônica (Deus foi muito complacente comigo no quesito “impaciência”), abordo um “monsieur” com o uniforme da RTC e pergunto, com meu parco francês, cadê a porra do ônibus 7! Ao que ele responde: “Houve um acidente com um caminhão, “madam”, o ônibus 7 não está passando nesta rua, só duas ruas à frente.” Aí, depois eu pergunto por que porra ele não disse antes, já que viu que o ponto estava cheio, o cara vai me chamar de grossa! Falta proatividade aos quebequenses, pelo menos no que se refere aos fiscais da RTC!

Andei as duas ruas debaixo de chuva, esperei mais uns 40 minutos pela porra do ônibus 7. Passava carro da polícia, dos bombeiros (por conta do acidente), e eu, com um olho na rua para ver se o ônibus vinha e o outro no celular, tentando desesperadamente procurar no google como se falava “carona” em francês. Juro que ia pedir carona ao próximo carro de bombeiros que passasse! Detesto chegar atrasada nas minhas aulas (quaisquer que sejam, até aula de corte e costura, se fosse o caso).

Resultado: cheguei à aula meia hora atrasada, com os bofes para fora, toda descabelada e molhada. Entro na sala, ainda ouço da minha xará (a professora), em tom de deboche: “Bon soir!” Pooooorra, só não a mandei à merda porque não sei como fala isso em francês. A resposta mais à altura do deboche dela foi fazer uma expressão blasé e dizer: “Désolée, madam.”

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Neste primeiro momento...


Como vocês devem supor, o começo de vida de um imigrante não é nada fácil, principalmente quando o imigrante é do Terceiro Mundo, no caso, e imigra para o Primeiro Mundo, no caso também.

O parágrafo anterior é um eufemismo para dizer que conseguir se estabelecer em outro país é foda pra caralho merrrrrmo, no bom português! Muita coisa pra pensar, avaliar, decidir, grana curta, perrengue atrás de perrengue etc. Como tenho o privilégio de ter um marido que consegue conversar (sim, porque conheço homens que paralisam e dão defeito quando ouvem a frase “precisamos conversar”), a gente tem feito muito isso, porque precisamos tomar muitas decisões.

Digressão: Confesso que preciso ser bastante paciente, porque, às vezes (só às vezes), as palavras lhe faltam, e ele demora alguns minutos para concluir uma frase. Da série “Os predestinados...” Quando nasci, Deus disse: “Minha filha, você vai estudar muito português, mas muito merrrrrmo, até ficar craque, porque vai se casar com um homem muito cabeçudo na área de exatas, mas com limitações num nível grave em língua portuguesa.” Maktub!

Continuando...agora vem a explicação do título do post. “Neste primeiro momento” foi a frase introdutória que meu marido escolheu pra me dizer que “fodeu pro meu lado”! Exemplos:

“Amor, neste primeiro momento, você vai ter de sair da academia.”

“Amor, neste primeiro momento, vamos ter de dormir num colchão inflável no apartamento novo.”

“Amor, nesse primeiro momento, não tenho um puto no banco!”

Rapaz, ele pegou um amor por essa frase que não larga de jeito nenhum. E eu peguei trauma. Quando ele começa: “Amor, neste primeiro momento...”, já penso: “Pronto, fodeu mais ainda pro meu lado! O que foi dessa vez?"